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I Lost my love


Lembro como se fosse ontem, escutar o Derek dizer que ia largar a pesquisa do mapeamento do cérebro e voltar para casa. Sentia tanto a sua falta. Falta do seu cheiro, do seu sorriso maravilhoso e encantador. Do cântico da sua voz que era terrivelmente péssimo, mas que ainda assim continuava a cantar sem parar. Da forma carinhosa de como ele dizia que o meu roncar se comparava a um cântico de pássaros na janela e que era musica e mais musica para os ouvidos. Sentia falta disso e muito mais. E assim iria continuar. Pois o meu marido perfeito, homem de carácter, profissional impossível de ser comparado havia trocado as linhas do tempo. 

Ele vinha de encontro a nós, quando a missão de salvar falou mais alto que a intenção de sobreviver e voltar vivo para a família. 4 pessoas haviam sido salvas graças à sua capacidade rápida e habelidosa. Graças à sua enssencia de salvar vidas todos os dias, ao invês de salvar a sua realmente crucificada por um bem maior. Conseguindo superar mais um desafio, colocou sua vida em risco e quando olhou para trás era tarde demais para voltar. Mesmo estando longe e a cuidar das crianças em casa senti que parte do meu coração havia sido arrancado. Era o meu sexto sentido a tentar comunicar comigo. Senti como se fosse eu no seu lugar, só não encontrava uma explicação para essa sensação. Para esses motivos tão extremos. 

Ai ao voltar para a sala e encarar da janela as luzes dos carros da policia a piscar vermelho e azul, percebi que alguma coisa de muito errada havia acontecido. Era o Derek, só podia ser ele o motivo. Nesse momento fiquei a saber que o havia perdido, embora continuasse ligado ao suporte de vida, onde o seu coração batia, mas o seu cérebro havia perdido total acção. Ele jamais voltaria. Gritasse eu, implorasse, chorasse ou fizesse o quer que seja. Deus o havia levado de mim. Não havia volta, Derek havia cruzado o oceano sem mim. Estava morto. Fisicamente, psicologicamente e espiritualmente. 

No hospital, escutei lamentos de todos os médicos que havia fornecido uma fraca assistência, eu mesma havia chegado a chamar atenção para a falta de coerência ao corresponder certo aos procedimentos que poderiam ter evitado um dano maior, que agora era irreversível. 

- Senhora Shepherd! - um médico aproximou de mim na sala de espera. - Por favor preciso que dê autorização para encerrar o monituramento do paciente que teve morte cerebral! - respirei fundo algumas vezes, encarei as minhas próprias mãos, lágrimas me vieram aos olhos. - Também preciso dos documentos do seu marido.

Ai ergui o olhar, levantei e apontei o dedo. Não sei, era uma reacção negativa de quem era superior e não sabia que bem na frente tinha alguém tão igualmente superior a ele. 

- Você pensa que não conheço esse procedimento? Sou médica cirurgia, lido com a vida dos pacientes diariamente... incluindo a morte. - ele estremece com as minhas palavras. - Muitas vezes sou eu quem declara a hora do óbito, ou quem fica com o dever de informar a família. - respiro fundo uma vez mais, desço o olhar ao meu punho cerrado e com veias salientes. - O meu nome é Meredith Grey, sou cirurgia geral e o meu lema é salvar vidas, tal como era o do meu marido. Que por vossa incompetência o deixaram morrer. - engole cada palavra após proferir e pega maldito papel das mãos do médico deixando uma rubrica tremida. 

Quando dali segui novamente para o quarto. Derek continuava calmo, assim ficaria o resto da vida, como um anjo adormecido que morrera para salvar outros. Homem de palavra, o melhor pai dos meus filhos e do bebe que carregava. 

Claramente que ele não estaria aqui para ver esse filho crescer dentro de mim, nem quando estiver fora, mas mesmo longe, talvez ao lado da minha falecida mãe, Elis Grey, sei que ficaria completamente de olho em nós. Aplaudir as nossas vitórias e levantar nas nossas derrotas. Isso só me fazia sentir mais protegida e forte para enfrentar a realidade de acordar todos os dias e olhar para o lado e não encontra-lo mais. Não que não tivesse voltado, ou que tivesse o motivo de fugir de mim por mais uma discussão. Por simplesmente não existir mais. Não ser mais meu, nem eu ser mais sua fisicamente. Embora o meu pensamento permaneça ligado eternamente. 

- Senhora preciso desligar os aparelhos! - entra uma médica com uns papeis e rosto fechado. - Se quiser e para se sentir mais confortável sente próxima dele, pegue a mão do seu marido. - indica ela ao desligar um primeiro botão.

Quando um outro botão foi desligado uma velha lembrança veio até á memória e estremeceu o meu coração. Recordo o dia em que Derek pegava a mão do seu melhor amigo, o Mark e uma interna vindo não sei de onde desligou os aparelhos. Tu choraste imenso, tanto quanto a Calie. E logo após o enterro falaste para mim nessa mesma noite. "Se eu morrer, pede para desligar os aparelhos de uma vez. E quando isso acontecer, não chores! Quero que tenhas uma boa lembrança de mim, porque te amo acima de qualquer coisa". 

Apertei a mão dele mais entre os meus dedos. Uma lágrima bem tentou cair, mas fiz força para não deixa-la continuar. Ela parou, apertei mais os meus dedos nos seus que ainda estavam quentes, só que em breve estariam frios como pedra. Nesse momento quando percebi que faltava pouco para deixar de sentir o teu peito ergui o olhar. 

- Pare! - pedi, mas a médica ainda manteve as mãos no aparelho. - Já disse... pare! 

- Mas... - ainda tentou protestar, talvez demover as minhas ideias de quanto a  manter o meu marido vivo, mas morto. Ela afastou, deu meu espaço.

Foi exactamente quando aproximei dele e o abracei carinhosamente, falei, implorei.

- Fica comigo por favor... - uma lágrima rolou. - Eu amo-te como nunca amei ninguém. Sinto a tua falta, mas sei que é hora de te deixar partir! - larguei lentamente ele dos meus braços. - Eu deixo que vás em paz, sem mais sofrimento! Irei cuidar das nossas crianças, do bebé que jamais irás conhecer e que tenho muita pena por isso. Mas farei total questão de dizer o quanto eras um pai maravilhoso e que estando tu longe irás ama-lo. Embora longe, mas continuamente em contato. - beijei a sua bochecha descorada. Olhei a médica. - Pode desligar o que falta.

- A senhora está preparada? - perguntou, eu mantive o meu olhar cerrado.

- Não! Nunca estarei, então faça o necessário! - apenas respondi.

Limpei a lágrima no canto do olho e fiquei até ao ultimo batimento, o ultimo som que iria guardar dele para o resto da vida.

Horas mais tarde já em Seattle com as crianças, fui até ao SGH para dar a noticia. Ninguém parecia crer acreditar, nem mesmo eu. Era duro de aceitar, é um fato. Mas ainda assim uma realidade que teria que viver o resto da vida. O pior de tudo nem foi esse, o pior na verdade só veio depois que pisei em casa. Casa essa que ele havia desenhado mentalmente para nós dois como a nossa casa perfeita. 
Não conseguia ficar ali, tudo à minha volta fazia lembra-lo. Cada parede, cada canto, o nosso quarto, a nossa cama. O seu cheiro ainda continuava muito ativo, no entanto era apenas isso, um cheiro. 

(...)

O funeral foi bem homenagiado por todos os membros da equipa do hospital. Todos os nossos colegas haviam feito a honra de prestar o seu ultimo adeus. Até mesmo aquela outra equipa que o havia acompanhado na sua estadia em Boston no estudo do mapeamento. 

Zola estava comigo, apertando a mão na minha e perguntar constantemente porque as pessoas choravam e porque o pai não ia voltar. Porque o pai do céu não podia simplesmente devolvê-lo. Ai precisei de mentir, uma mentirinha branca. Contudo para uma criança de apenas 6 anos, era o melhor modo de explicar que o pai não ia voltar e que a sua partida seria para sempre. E agora como seria a minha vida daqui para a frente? Derek o que será de mim sem ti? 


Comentários

  1. Heeeeeeyyyyy, olha quem apareceu!!!!!

    Então Paulinha, agora que eu conheço a série posso comentar na sua one. Antes ficaria meio perdida, não daria muito certo... kkkk

    O episódio da morte do Derek é muito dolorido, tenso, cheio de recordações... Eu chorei assistindo, e sua one trouxe tudo de volta, sua malvada! hueheueheue

    Enfim, você conseguiu captar bem os sentimentos, toda a dor da Mer nesse momento de despedida.

    Desculpa ter demorado séculos pra vir comentar, mas eu precisava conhecer um pouco da série pra me arriscar.

    Beijão!

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